Palácio Nacional da Ajuda: obra acabada ao fim de mais de 250 anos
![Palácio Nacional da Ajuda finalizado](/upload4mail/magnolia-portugal/8/9/7/0/3/op_89703_p_tio_03.jpg)
Foi construído inicialmente em madeira porque também os reis têm medo de terramotos. Esta versão atual, mais sólida, nunca foi finalizada. Até agora.
Depois do gigantesco terramoto de 1755 o rei D. José mandou construir a nova residência real no alto da colina da Ajuda: não só porque o sumptuoso Paço da Ribeira tinha ficado arruinado, mas também para se salvaguardar, a si e aos seus, de eventual nova gigantesca onda como a que tinha arrasado a Baixa de Lisboa, consecutiva ao cataclismo.
Também a prevenir novo terramoto, fez construir o novo Palácio em madeira, que reage de forma mais segura a abanões sísmicos. O povo, sempre pronto a troçar da coroa que o esmifrava, logo lhe chamou Paço de Madeira, e os mais espirituosos, a Real Barraca. Esta não durou muito tempo: a madeira pode ser melhor a resistir a sismos, mas é péssima frente a fogos, como o que a consumiu em 1794.
O Palácio da Ajuda à época do neo-clássico, construído entre hortas e quintais porque um certo rei teve medo de novo tsunami.
O novo palácio começou a ser construído ainda em estilo barroco, severo por fora e delirante por dentro, com desenho de Manuel Caetano de Sousa, Arquiteto das Obras Públicas da Coroa. Mas o barroco via nessa altura os seus últimos dias e cinco anos apenas passados dois arquitetos formados em Itália, Francisco Xavier Fabri e José da Costa e Silva, foram encarregues de o adaptar ao novo gosto neoclássico que grassava por toda a Europa.
O Palácio Nacional da Ajuda nunca foi terminado, é fácil ver isso ainda hoje, quando se entra no pátio central e aquela fachada em frente parece um cenário de opereta, com janelas e varandins que não acessam a coisa alguma.
Fosse a fuga apressada da corte para o Brasil, fosse a permanente falta de dinheiro, a obra acabou ali, naquela parede sem sentido virada para a Calçada da Ajuda. Até agora.
Imagem do Palácio Nacional da Ajuda quando finalizado, visto do lado sul. Na abertura, imgem do pátio central, onde a nova obra quase não perturbará o antigo edificado.
Não é um capricho, a obra não tinha que ser, na realidade, finalizada; a Ajuda, para todos os lisboetas, era assim e não precisava de mais nada. Mas era necessário dotar o Palácio de um espaço que recebesse condignamente o Tesouro Real e a sua respetiva Exposição Permanente.
Com esta nova obra, será fechada a Ala Poente, a tal que parou numa parede de cenário, com uma implantação que vai respeitar os limites do edificado atual. A nova fachada Poente, com desenho e expressão contemporâneos, procurará restituir a unidade à leitura do conjunto, mas sem pastiches nem tentativas de recriação histórica: é utilizada uma composição formal, com referência aos alçados pré-existentes, onde se enfatizam as linhas verticais e horizontais, acentuando a marcação da leitura dos estágios das fachadas já existentes, que se materializam em diferentes planos das novas lâminas verticais de sombreamento dos planos envidraçados.
A nova fachada vista pelo lado norte, com os novos torreões ecoando os antigos, virados para a parada.
Serão ainda construídos dois corpos laterais mais elevados, inspirados nos torreões Norte e Sul da fachada Este, essenciais para o equilíbrio do conjunto.
Nesta nova Ala do Palácio será instalada a exposição permanente do valioso Tesouro Real, que inclui as Joias da Coroa e do Tesouro de Ourivesaria. O prazo estimado para a conclusão do projeto é o primeiro semestre de 2020.
Tanto o remate da fachada do Palácio Nacional da Ajuda como o Cofre visitável da Joias da Coroa são projetos do Arquiteto João Carlos dos Santos, subdiretor-geral do Património Cultural.
O átrio da nova construção, com a Caixa-forte que guardará as Joias da Coroa.
Mais info sobre o Palácio Nacional da Ajuda aqui.
Imagens cedidas pela instituição.
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